Há 50 anos, o lavrador de Mato Grosso João Boiadeiro, codinome de João Ferreira da Cunha, seria o primeiro brasileiro a ter o coração transplantado a partir de uma cirurgia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). O transplante pioneiro foi feito pelas equipes dos professores Euryclides de Jesus Zerbini, na cirurgia cardiotorácica, e Luiz Venere Décourt, na clínica.
Dr. Paulo Frange, que também é médico cardiologista e trabalhou com o “professor Zerbine”, lembrou da data: “Nosso eterno carinho por ele, que ensinou a milhares de médicos a ser eficiente e, ao mesmo tempo, simples, ou seja: ter o paciente sempre como um amigo, dedicando o máximo para fazer tudo que está seu alcance para amenizar sofrimento e salvar vidas. Tenho muito orgulho de ter trabalhado ao seu lado, nos idos de 1976 a 1981... Foi um grande momento da história da medicina” – disse.
Em 26 de maio de 1968, o Brasil entrava no grupo de países pioneiros do transplante de coração – que aqui ocorreu seis meses após o primeiro realizado no mundo por uma equipe da África do Sul , liderada pelo Dr. Cristhian Barnard.
Dr. Paulo lembra que o Papa Pio XII teve uma grande contribuição, ao publicar carta aos médicos, deixando claro e seguro que o paciente descerebrado (cujas funções cerebrais superiores estão desativadas), estaria tecnicamente morto e, portanto, poderia ter seus órgãos doados.
O temor do “professor Zerbini” era a rejeição. “E o transplantado, de 25 anos, João Boiadeiro, morreu após 28 dias. A ciclosporina , medicação tão esperada para tratar a rejeição surgiu somente após 10 anos. Hoje o Brasil é referência em transplante no mundo” – disse. Dr. Paulo Frange.