Como enfrentar o Coronavírus?

Abordo aqui um assunto que já abordamos algumas vezes, com muita preocupação, que é o coronavirus e o Brasil.

O tempo que passou até agora foi o suficiente para que o Governo pudesse tomar as medidas que possam proteger a população brasileira de uma eventual chegada do coronavírus aqui no País. Foi feito um decreto de emergência e o Governo Federal agilizou esse processo. A população não vê, mas o País está, sim, seguro com relação às possibilidades de casos de coronavírus. Temos leitos reservados, isolados, leitos de UTI, ou seja, está tudo contingenciado, preparado para que, se chegar, tenhamos total condição de enfrentar a presença do coronavírus aqui.

 

É importante lembrar que não é uma característica desse tipo de virose acontecer em países tropicais, países como o nosso, mas o inverno está por chegar. Daqui a pouco passamos a ter a temperatura que nos é desfavorável. A doença está restrita realmente à China e o número de mortos é grande, mas proporcionalmente às outras doenças, ele é até menor e o que ainda está confirmado e que nos dá mais tranquilidade é a capacidade de propagação desse vírus, que é quase 20 vezes menor do que o sarampo e nós aqui já corremos bastante com o sarampo e temos vacina.

 

Muitas pessoas estão negligenciando isso e imaginando que daqui a pouco

teremos uma vacina do coronavirus chegando aqui. Não tem vacina produzida para nada produzida em menos de dois anos. É uma irresponsabilidade imaginar que teremos vacinação para coronavírus daqui a alguns dias. O tempo mínimo para que se possa produzir uma vacina, hoje, por mais que a tecnologia tenha avançado, são dois anos. Portanto, não estamos pensando em ter esse País vacinado tão cedo.

 

O fato é que o coronavírus é o da moda neste momento, mas daqui a dois ou três anos, talvez nem isso, nós vamos ter outro. A evolução desses vírus vai continuar e vamos continuar encontrando tudo isso. O que mostra que o mundo, talvez, tenha de continuar capacitado para poder identificar os vírus. Hoje já existe um programa de inteligência artificial para identificar o vírus que possa levar a esse tipo de agressão ao ser humano, mas, mais do que isso, nós temos de voltar os olhos para a indústria farmacêutica para que tenhamos um produto de amplo espectro, capaz de vencer o vírus, um antiviral.

 

O remédio Tamiflu que está aí é para gripe, para alguns casos indicados por médicos, não tem nada a ver com o coronavírus, mas o mundo, com certeza, está correndo atrás de um antiviral com amplo espectro capaz de buscar essas mutações, o que não é fácil para a indústria. Não existe desafio nenhum que não possa ser vencido pela tecnologia e pela mente humana. Nós temos que acreditar nisso. Portanto, vai ser muito mais fácil lá na frente nós termos um antiviral capaz de interromper a evolução da doença, do que propriamente tentar identificar cada um e produzir uma vacina para cada vírus.

 

O problema que nos preocupa, e já foi resolvido em parte pelo Governo, é a antecipação do processo de vacinação para a gripe. Quanto mais cedo pudermos vacinar a população com mais de 60 anos, mais importante. E vai ser antecipado, logo depois do final do verão e início do inverno.

 

No Brasil convivemos com uma situação muito desfavorável, que é a dengue, que está aí, essa sim é nossa, essa sim nos preocupa, está nos nossos quintais, nas nossas casas, é responsabilidade nossa, além do Governo. É pessoal e intransferível. Temos que cuidar das nossas casas, dos nossos quintais, das nossas hortas, das nossas chácaras, enfim essa sim é uma preocupação muito grande. E a dengue mata também. A dengue hemorrágica está aí, mostra números assustadores e nós podemos ter dengue hemorrágica sim no Brasil.

 

Portanto, quanto mais cedo pudermos vacinar os nossos idosos, mais seguros vamos ficar para o período do início do inverno. Estamos falando de novo dos idosos porque o coronavírus está matando muito mais: 80% das pessoas que morreram até agora têm mais de 60 anos de idade, e, entre elas, as que têm comorbidades: doenças cardíacas, diabetes, hipertensos graves, pacientes com transplante, pacientes com insuficiência renal e em diálise, pacientes com doenças degenerativas. Todos esses pacientes têm muito mais risco que os demais. 

 

Paulo Frange é vereador no seu sexto mandato e também médico cardiologista.

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