O Zoneamento Participativo!

A Lei de Zoneamento chegará na Câmara Municipal de São Paulo na próxima terça-feira, dia 2/junho/205. Lei o nosso artigo e dê sua opinião.

A cidade de São Paulo passará em breve por um momento da maior importância, quando todos os paulistanos terão oportunidade de se manifestar sobre o seu espaço, sua vizinhança e tudo aquilo que terá ou gostaria de ter em seu entorno.

De uma forma simplista, é possível perceber como será difícil atender a expectativa de quase 12 milhões de especialistas na sua cidade, no seu bairro e na sua quadra. E, cada um dos paulistanos conhece mesmo a sua cidade, seus problemas e tem sugestões para torná-la mais humana e com uma melhor qualidade de vida para todos.

É possível também afirmar que se todos têm direitos e razão em suas manifestações, e irão lutar por  esses  direitos, vamos enfrentar um grande debate, movido por fortes emoções. Muitas emoções !

A Lei irá buscar ordenar de forma técnica e com o mínimo de incomodidade, aquilo que hoje já está parcialmente ocupado à luz de leis anteriores e até corrigir na legislação o que o dia-a-dia tornou como fato. Vamos ter que contemplar movimentos de moradia, que buscam reduzir o deficit habitacional de aproximadamente 700 mil domicílios, atender os interesses do comércio e serviços, uma marca de nossa cidade, sem esquecer dos espaços destinados para as indústrias, equipamentos públicos, áreas de proteção ambiental  e combinar tudo isso com sustentabilidade.

Isso parece relativamente fácil, quando olhamos os mapas e vemos que grande parte da cidade ainda não foi ocupada, e é aqui que iremos ter a grande oportunidade de aplicar os conceitos mais atualizados e modernos do Plano Diretor Estratégico aprovado em junho de 2014.

Mas, teremos que enfrentar com coragem, o desafio da mobilidade urbana. Aproximar os trabalhadores do seu local de trabalho. O uso misto em edificações, a fachada ativa com comércio de baixo impacto, levando a vida para as ruas, desabitadas e escuras. Aplicar o conceito de eixos existentes com a permissão de edificar até 4 vezes a área do terreno, pagando por isso outorga onerosa,  verticalizando ao longo desses eixos com  transporte público que deverá ser qualificado e de  qualidade. Esses imóveis serão muito atrativos, principalmente para a classe trabalhadora, que atualmente é dependente de transporte público.  Isso já pode acontecer agora e ser ampliado no futuro, quando novas estações de Metrô, trens e terminais de ônibus forem construídas. Adensar ao longo dos eixos de transporte público, como já acontece em algumas metrópoles, nos parece uma receita certa.

São Paulo terá até 2029, a vigência do atual Plano Diretor Estratégico – prazo em que a Cidade ganhará pelo menos mais 4 linhas de metrô e triplicará os seus corredores de ônibus, onde os eixo previstos se transformarão em Eixos Existentes – ou seja,  primeiro chegará o transporte e em seguida o adensamento construtivo e humano. A demanda por transporte será proporcionalmente menor que o aumento da população.

O importante é que teremos a oportunidade de reservar e proteger nossos espaços verdes. A Zona Rural representará quase 20% do nosso território, e aprendemos pagando um preço muito alto com a crise hídrica, que a natureza não aceita desaforos. Não tolera ser agredida ! E, ao longo das últimas décadas, por omissão e até desconhecimento, muito pouco ou quase nada foi feito. E quase nada de planejamento a longo prazo.

A cidade cresceu desordenadamente ao longo de sua história. Alguns “santuários” se mantiveram quase que intocáveis: são as Zonas Residenciais. Essas, com pouco mais de 3% do território da cidade, vêm sendo defendida com unhas e dentes pelos moradores. E com razão!  Mas, o tempo também trouxe a necessidade dos munícipes de cruzar essas áreas, tirando sossego e gerando ruído quase que incompatível com os decibéis do conforto acústico que caracteriza essas zonas. Surge o conceito de Zona Corredor para buscar uma solução para a necessidade de um comércio de baixo impacto e não incômodo para servir aos moradores locais. Tarefa quase impossível para contemplar todos os interesses nesses ambientes. O grande desafio é uma intervenção minimamente invasiva e de baixo risco para não destruir o pouco que sobrou da desorganização urbana a que nos submetemos desde Anchieta.

Temos pela frente que encontrar juntos soluções, ouvindo e ouvindo. Muita prudência e muita tolerância é um bom conselho!  Muito respeito à  propriedade privada e pelos direitos adquiridos e com a legalidade dos atos, também é !

Vamos ter que sonhar muito. E, ter a sabedoria de separar o sonho do feijão. Não viver de sonhos e nem esquecer o feijão nosso de cada dia. Vamos estudar juntos e debater, à exaustão, a nossa São Paulo real. Para isso, vamos ter que temperar nosso feijão com uma pitada de sonho a cada dia e buscar nesse tempero o equilíbrio e a harmonia de uma cidade que busca incansavelmente sua identidade !

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