Paulo Frange

Pandemia: do isolamento à flexibilização



Estamos no início de junho. É natural que todos estejam cansados da quarentena. Mais difícil ainda é o isolamento para aqueles que sem salário, ou mesmo na economia informal, não tem dinheiro para prover pela manutenção à família.
 
Da sociedade, naturalmente, há uma pressão muito grande por fugir desse isolamento. Os índices avaliados diariamente mostram que é quase impossível conter em casa, mais da metade da população, como prevê necessário, os órgãos de saúde.
 
Isso impõe aos gestores municipais e estaduais a responsabilidade de apontar para a sociedade um planejamento, que possa se flexibilizar o isolamento e criar a expectativa de que vamos vencer a doença, saindo de forma responsável, com gradualidade, rumo a uma condição de “novo normal”.
 
Porém, por mais que haja pressão da sociedade, segmentos econômicos e outros, nós não podemos deixar de seguir algumas regras básicas e necessárias para a flexibilização em tempos de pandemia.
 
O primeiro indicador que nos dá segurança de que é possível pensar em flexibilizar é o número de casos novos a cada dia. Isso significa dizer, que eles deveriam estar em queda por pelo menos 14 dias consecutivos. Esse seria então, um sinal inequívoco que estaríamos reduzindo a ameaça de novos casos, e também novas mortes além de pressões sobre as estruturas de saúde de cada município.
 
Um segundo indicador importante é o acompanhamento da taxa de isolamento medida pelas antenas de celular. Essa taxa deveria estar no mínimo acima de 55%. Na outra ponta, o terceiro indicador, está a taxa de ocupação de leitos de UTI. Essa taxa deveria estar abaixo de 60% para manter a capacidade de atendimento no setor de saúde aos casos mais graves do COVID-19.
 
Cabe aqui uma lembrança. As ações não são apenas aquelas organizadas pelo Poder Público. Devemos ressaltar, o importante papel da sociedade nos resultados dessa flexibilização. Aos cidadãos caberá manter a própria higiene e o distanciamento social, cuidado com os deslocamentos desnecessários, proteger os idosos e portadores de comorbidades, usar máscaras, buscar informações sobre a epidemia e evitar disseminar informações falsas, as Fakes News.
 
Por outro lado, o Estado tem o dever de garantir o acesso à alimentação básica e higiene, com água tratada, bem como, uma renda mínima. Vale lembrar também do acesso a mobilidade social, principalmente, em regiões que até a busca pelo alimento fica difícil.
 
A Prefeitura Municipal de São Paulo publicou recentemente regras para começar a tratar da flexibilização, e acontecerá sempre com a orientação técnica dos especialistas em saúde. Ainda estamos fora dos três indicadores de ouro, para esse início da retomada das atividades. Porém, a cidade de São Paulo tem sua rede de leitos de UTI ampliada assim como, leitos para atendimento de casos leves e moderados.
 
Esse processo será minuciosamente acompanhado e, sempre após parecer técnico das autoridades de saúde, na análise dos protocolos que vem sendo oferecidos ao Governo Municipal, oriundos da iniciativa privada.
 
Como todas as histórias da saúde pública, essa será mais uma, que ficará sujeita no futuro ao julgamento da sociedade e dos especialistas. Disso, nós sabemos. O que não podemos aceitar é ser lembrados no futuro, por omissão ou por erros crassos, decorrentes de posições pessoais, achismos ou posicionamentos ideológicos, distantes da técnica e da ciência.
 
PAULO FRANGE
Médico e Vereador de São Paulo

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